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Adib, natural da Síria, chef em Porto Alegre

Gastronomia

Adib

A guerra civil que atinge a Síria desde 2011 deixou Adib e sua família sem escolha, a não ser fugir do país natal. “Foi tudo muito rápido e bem difícil. Recolhemos tudo e deixamos o país”. A primeira opção do clã foi se refugiar na Jordânia, mas Adib conta que a vida no país não era fácil, devido à dificuldade e ao alto custo de se obter uma licença de trabalho. “Tudo era difícil, precisávamos trabalhar escondidos dos oficiais de imigração, eu me sentia como um lixo”, relembra ele.

Depois de uma curta temporada na Malásia, onde também foi vítima de racismo, Adib conta que resolveu vir ao Brasil. “Pesquisei bastante sobre o país e tive a impressão que o povo seria mais receptivo”, conta ele, que desde que chegou aqui, há quase sete anos, vive em Porto Alegre.

Embora tenha se sentido acolhido pelo povo gaúcho, a falta de domínio do idioma foi uma dificuldade para Adib, que direcionou todos os seus esforços a aprender o português logo que chegou ao Brasil. Depois, seu desafio foi conseguir um emprego. “Trabalhei em restaurantes, confeitarias, em hotéis, sempre na intenção de juntar um pouco de dinheiro”, conta Adib, que desde que chegou ao Brasil tinha a meta de abrir seu próprio negócio.

Seu primeiro empreendimento no Brasil foi uma confeitaria de doces árabes, que hoje é comandada pelos seus irmãos que também vivem no Brasil. Há três anos, junto com dois sócios, Adib inaugurou o Shawarma Dubai. A aceitação do público gaúcho surpreendeu o empresário. “As pessoas ficaram esperando a gente abrir, e quando finalmente inauguramos, nosso produto fez muito sucesso”. A lanchonete fica na Cidade Baixa, reduto boêmio de Porto Alegre, e antes da pandemia a espera para conseguir um lanche no local chegava a quase uma hora nos dias de maior movimento.

Adib, que já trabalhava no setor de alimentação tanto na Síria quanto na Jordânia, conta que os maiores sucessos da Shawarma Dubai são os lanches de carne – com 19 temperos diferentes – e de frango – com 14 temperos – além da pasta de alho, marca registrada da lanchonete. A pandemia da Covid-19 e as medidas restritivas impostas pelas autoridades em Porto Alegre afetaram fortemente o empreendimento.

“Antes nós abríamos das cinco da tarde à meia noite, e agora trabalhamos a partir das 11 da manhã. Mesmo com o aumento no experiente, não conseguimos recuperar as vendas”, explica Adib. Atualmente, as delícias do Shawarma Dubai são vendidas via aplicativos e, mesmo com o aumento no preço dos insumos, Adib conta que vem trabalhando duro para não repassar a alta dos alimentos para os clientes. “Estamos abrindo mão do lucro para o conforto da nossa clientela”, detalha.

Diante das dificuldades recentes, o empresário conta que adiou alguns planos, como o de abrir uma outra unidade da Dubai. Mesmo assim, Adib não perde a esperança de dias melhores. “A gente tem que tomar conta, esperar, respirar fundo e aguentar, porque eu não vou desistir”, garante.

(Texto incluído na plataforma em Julho de 2021)

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