Argenia, natural da Venezuela, artesã em Boa Vista-RR
Artesanato indígena
Foto: ACNUR Brasil
Quando tinha apenas oito anos, a indígena venezuelana Argenia aprendeu a fazer artesanato com a fibra de buriti, uma palmeira de grande importância para as pessoas de sua etnia, os Warao. “Dessa planta, nós tiramos o que vestir, o que comer, beber, medicina tradicional. Ela nos dá tudo”, explica.
Além da fibra, usada para fazer bolsas, decoração e muitos outros acessórios, pode-se retirar a yuruma, uma espécie de farinha que faz parte da alimentação tradicional das pessoas da etnia Warao. Argenia aprendeu o ofício com seus avós e pais, e explica que todos os 12 irmãos dela são artesãos.
Desde que chegou ao Brasil em 2022, com seus pais, marido e quatro filhos, o artesanato continuou sendo seu principal sustento.
A família está acolhida no abrigo Waraotuma a Tuaranoko, onde Argenia participa do projeto Artesanía Warao, que apoia artesãs e artesãos, do Museu A CASA do Objeto Brasileiro, em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o BID Lab, laboratório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No âmbito do projeto, Argenia foi a Belo Horizonte em 2023 para participar de um evento de turismo, onde contou sua história e explicou sobre a fabricação das peças.
Para expandir sua produção, ela fez cursos de confecção com miçangas e capacitações em empreendedorismo e marketing digital, acumulando mais de 30 certificados desde que chegou ao Brasil.
Além de desejar ter uma loja própria para vender seu artesanato, Argenia quer manter viva a tradição Warao. Por isso, seus filhos de 14 e 8 anos já sabem fazer artesanato. “Eu sempre estou fazendo artesanato, mesmo que não tenha vendas. Eu não quero que se percam nossos costumes, nossa cultura do artesanato, da dança e do canto. Quando as pessoas compram um artesanato, não é só um produto, tem uma história, uma tradição, faz parte da nossa cultura, da nossa vivência”, explica.
(Texto incluído na plataforma em maio de 2024)