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Husam, natural da Síria, chef em Guarulhos

Gastronomia

Husam

“Quando a guerra começou na Síria, como qualquer outro jovem, eu esperava pelo fim do conflito para poder continuar com a minha vida”, narra Husam, que trabalhava como guia turístico. Três anos depois, em 2014, sem sinal do fim do combate, que perdura até hoje, ele deixou seu país natal.

A decisão de vir para o Brasil foi tomada em família, que não cogitava se separar. “O que eu sabia sobre o país é que eu poderia trabalhar e ter os documentos relativamente rápido”, relembra Husam, que teve outro importante motivo para deixar a Síria: a obrigação de prestar serviço militar em meio a uma guerra civil. “Isso significava duas coisas: ou morrer ou matar meu povo, e eu não queria nenhum dos dois.”

Quando chegou ao Brasil, Husam foi trabalhar com fotografia – atividade que vinha desenvolvendo nos últimos anos junto ao seu pai, visto que o turismo na Síria estava paralisado desde 2011. “Entrar na área foi difícil, principalmente por causa da língua e da comunicação, mas aos poucos fui me familiarizando e produzindo para importantes clientes como Facebook, LinkedIn, Migraflix e Acnur”, conta ele, que também se envolveu na produção de documentários e curta-metragens. O pai de Husam, por sua vez, chegou ao Brasil e resolveu investir em um restaurante.

Diante da pandemia da Covid-19, e consequentemente da paralisação de atividades de empresas e de eventos corporativos, Husam precisou novamente se reinventar. Foi durante o trabalho como ajudante no restaurante do pai, que ele passou a produzir za’atar para vender para outros estabelecimentos e também para clientes individuais.

Bastante popular na culinária do oriente médio, o za’atar consiste em uma mistura de tomilho, gergelim, summac (uma especiaria típica do Oriente Médio, perfumada e com um sabor mais ácido) e outros temperos e serve tanto como condimento quanto para comer com azeite e pão. “Comecei a trabalhar com a receita do meu pai e fiz algumas alterações e melhorias”, conta Husam, que hoje é dono do empreendimento Zatar Verde. Um dos desafios do jovem empresário foi o de encontrar summac para vender no Brasil. Atualmente, ele importa o item do Líbano e faz todo o resto do preparo com insumos nacionais.

Desde maio de 2020, quando começou as atividades da empresa, Husam já produziu e comercializou cerca de 200 quilos de za’atar. Além de vender o item no restaurante da família, Husam tem uma loja virtual e também faz vendas pelo Instagram e em grupos de WhatsApp. Os produtos da Zatar Verde são enviados para todo o Brasil.

“O mais difícil é fazer com que o empreendimento passe dos três anos, que é o período mais crítico de um negócio, mas posso dizer que estou indo muito bem. Meu desafio agora é popularizar o za’atar para além da comunidade do Oriente Médio, apresentando o produto como uma boa alternativa para vegetarianos e veganos”, explica Husam, que tem como principal objetivo exportar seu produto para outros países. “Quero vender meu produto como o za’atar brasileiro”, finaliza.

(Texto incluído na plataforma em Julho de 2021)

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