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Julia, natural da Venezuela, chef em São Paulo

Gastronomia

Julia

O preconceito que sofreu em empregos anteriores por não ser brasileira foi a grande motivação para Julia empreender. Formada em Administração de Empresas, ela conta que “começou do zero” ao chegar em São Paulo, há cinco anos.

“Trabalhei como atendente, babá, garçonete, fiz de tudo um pouco”, relembra. Cansada da instabilidade e da xenofobia, Julia foi incentivada pelo sobrinho a vender hallacas, uma espécie de pamonha enrolada em folha de bananeira e recheada com carne, frango ou porco.

Em seu país natal, ela estava acostumada a fazer o prato para a família, mas nunca havia preparado hallacas para vender. “É uma comida típica do mês de dezembro na Venezuela, e um processo de família, onde cada um faz uma parte da receita”, explica Julia, que conta que a experiência de fazer hallacas também é uma viagem de volta à Venezuela. “Eu sempre choro, porque me lembro da minha família, essa mistura de sabores e antepassados”.

Empreendendo há três anos, ela conta que recebeu apoio de diversas organizações, e participou de uma iniciativa da Unicamp chamada “Sabores sem Fronteiras”, que vai reunir receitas de refugiados e migrantes em um livro, que deve ser publicado ainda neste ano.

Julia conta que seu empreendimento foi severamente afetado pela pandemia do Covid-19. “Está horrível, minhas vendas caíram mais de 80%”, revela a empreendedora, que reformulou o cardápio e está criando novas receitas, para ampliar a clientela. Atualmente, ela comercializa e entrega em toda a cidade de São Paulo, além das hallacas, pan de jamon y queso e patacones, pratos típicos da Venezuela.

Resiliente, Julia conta que apesar de ser um momento difícil, a pandemia também foi uma oportunidade para ela participar de um projeto solidário, entregando quentinhas para moradores de rua durante o ano de 2020. “Me senti dando tudo o que o brasileiro deu para mim, inclusive o acolhimento”.

(Texto incluído na plataforma em Junho de 2021)

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