Miguel, natural da Colômbia, bartender no Rio de Janeiro (RJ)
Gastronomia
Inspirado pela mãe, que “sempre foi muito empreendedora, independente e autônoma”, Miguel sonhava em empreender desde cedo. No entanto, o jovem colombiano não imaginava que seu projeto iria ser concretizado no Brasil, onde sua família buscou refúgio em 2013, após a mãe ser perseguida politicamente. Quando atravessou a fronteira, aos 21 anos, ele ainda não sabia o que esperar do futuro.
Miguel se formou em Relações Internacionais em São Paulo e atuou em diversos setores administrativos, como o do Cristo Redentor e do Aeroporto Santos Dumont. Porém, em 2018, começou a planejar o negócio próprio ao lado da esposa, Juliana, brasileira formada em Pedagogia. Resolveram empreender em duas vertentes: na gastronomia e no artesanato. Miguel largou o emprego de carteira assinada no setor administrativo para fundar o Drinks Imigrantes - focado em bebidas e coquetéis de várias partes do mundo - e o Juh Artesania, cujo nome é uma homenagem à esposa. As peças de aço, couro e pedras naturais inspiradas em diversas regiões são vendidas em feiras durante a semana e pela página no Instagram para qualquer local do país. Os drinks também são comercializados em feiras no Rio de Janeiro ou em festas e eventos fechados.
“Logo depois que começamos a empreender, veio a pandemia. Ser autônomo me ajudou a sobreviver naquela época. Depois que o pior passou, percebi que poderia viver desses negócios”, conta Miguel.
Com o objetivo de “exibir a cultura coqueteleira dos imigrantes e refugiados residentes no Brasil”, o Drinks Imigrantes tem no cardápio dawa (bebida típica do Quênia), michelada, (drinque mexicano temperadíssimo) e a tizana venezuelana. “Nós trazemos um drink referência de cada região. Nossa marca é laranja com uma faixa preta. Nós nos inspiramos na bandeira da equipe olímpica de refugiados”, explica.
Além disso, há uma preocupação com o meio ambiente. Miguel conta que eles participam da Junta Local, feira que acontece na Gávea e tem foco na sustentabilidade. Assim, eles implementaram as embalagens ecológicas, como copos reutilizáveis e de papel, para as bebidas.
Já a marca de artesanato traz uma variedade de peças. “Não é algo que você encontra em qualquer lugar, são peças diferentes. Aqui no Rio tem espaço para isso e as pessoas têm demonstrado interesse em coisas da África, América Latina e outros locais”, resume.
Miguel conta que fez alguns cursos de empreendedorismo online, mas que aprendeu muito com o dia a dia dos negócios. “O que tem me ensinado mais sobre empreender é prática. Foi tudo muito mais na coragem e vontade de fazer as coisas do que na teoria”, reforça.
(Texto incluído na plataforma em Julho de 2022)