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Modou, natural do Senegal, artista empreendedor em São Paulo (SP)

Moda

Modou

A relação de Modou com as linhas, agulhas e tecidos começou em um castigo recorrente na infância: por aprontar muito, os pais o obrigavam a passar algum tempo remendando retalhos. A medida tinha como única função manter o menino longe de problemas. Naquela época, Modou sequer imaginava que um dia a costura deixaria de ser punição para se tornar um ofício em outro continente.

Ele conta que sair do Senegal não estava nos planos, porém, quando jovem, a falta de perspectivas o levou a atravessar o Oceano Atlântico de barco e desembarcar na América do Sul. Depois, percorreu milhares de quilômetros a pé até cruzar a fronteira do Brasil, no Acre, em 2012. O jovem refugiado foi ao Rio Grande do Sul, onde trabalhou em empresas de metalurgia, automóveis e telecomunicações. Em 2018, já em Florianópolis, ele abraçou a vocação que surgiu na infância e começou a costurar as primeiras peças e vender em feiras e na rua. Modou desenhava os moldes exclusivos, escolhia os tecidos e selecionava costureiras desempregadas para confeccionarem os itens. Criando, assim, a marca Sene Art.

“O foco sempre foi em tecido africano mas pensava: ‘onde foi produzido esse pano?’ Muitas vezes a estampa, ainda que o desenho fosse africano, era produzido na China, Tailândia ou Estados Unidos”, pondera Modou, que começou a trazer os tecidos da África e planeja, no futuro, ter uma produção local.

Durante a pandemia, ele e a família se mudaram para São Paulo para ampliar o negócio e ter ainda mais contato com outros refugiados e migrantes, trabalhando em rede por meio da economia solidária. “Dentro das roupas tem histórias, não é só uma roupa que produzimos e vendemos. Nosso retorno é sustentabilidade, impacto social, inovação e recuperação da nossa identidade, da cultura africana. Aqui, em São Paulo, estamos recomeçando. Empreender é isso também: cair, levantar e planejar”, afirma.

Além das peças exclusivas que vende pelo Instagram e WhatsApp, Modou apoia outros empreendedores refugiados e migrantes. Ele dá suporte aos negócios por meio de marketing digital e trabalho colaborativo. Para o futuro, planeja ampliar essa conexão, com uma espécie de coworking que englobe diversos ramos de negócios, seja nas artes, moda ou gastronomia. “Queremos que descubram, vivenciem e experienciem a cultura e a diversidade africana atrelada às experiências e aos produtos ofertados”, finaliza.

(Texto incluído na plataforma em Julho de 2022.)

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