Mohammad, natural da Síria, chef no Rio de Janeiro
Gastronomia
Quando questionado o porquê de ter deixado seu país natal, a Síria, Mohammad vai direto ao ponto: “Saí de lá pelo motivo que todos já sabem, por causa da guerra”, conta ele, sobre o conflito que assola o país desde 2011. O jovem, que vivia perto de Damasco, chegou ao Rio de Janeiro em 2016.
No Brasil, Mohammad foi trabalhar com um tio que já vivia por aqui. “Começamos vendendo salgado na rua e com o tempo começamos a trabalhar na Feira Chega Junto [projeto de gastronomia promovido pela Junta Local] servindo comidas típicas”, relembra ele, que não dominava português e contava com a ajuda do Google tradutor para se comunicar com os clientes. A pandemia do Covid-19, no entanto, interrompeu as edições da Chega Junto e também fez com que o comércio em Copacabana fosse impactado pela diminuição do movimento nas ruas.
“Ficamos mais de três meses sem sair, e tivemos a ideia de cozinhar em casa mesmo, para nos mantermos”, explica Mohammad, que atualmente também conta com o apoio da esposa para tocar o empreendimento. As primeiras encomendas foram feitas via Instagram, e os fregueses rapidamente aprovaram os salgados típicos feitos por Mohammad. No menu oferecido pelo talentoso chef é possível encontrar pratos tradicionais como kafta, kebab, falafel, assim como opções vegetarianas e veganas.
Com o sucesso das vendas, ele se mudou para uma casa com uma cozinha maior para poder ampliar o negócio, que deve começar a ser oferecido via aplicativo em breve. Com os novos rumos do empreendimento, Mohammad pretende conciliar o trabalho como cozinheiro em um restaurante em Copacabana com as encomendas, enquanto seu tio cuida do comércio na rua.
Além de ampliar seu negócio, Mohammad pensa em voltar para a universidade. Na Síria, ela cursava Letras, mas no Brasil pensa em estudar Gastronomia. “Aprendi a amar a culinária, cozinho muito bem e não só comida árabe. Aprendo de tudo, porque amo de verdade”.
(Texto produzido em Fevereiro de 2021)