Nery, natural da Venezuela, artesã em Campos dos Goytacazes
Artesanato
A infância das filhas serviu de inspiração para que Nery começasse a fazer laços. No ofício há dez anos, ela chegou a abrir um ponto de vendas na Venezuela. “Tudo ia bem até que a crise chegou. A matéria prima estava muito cara, e eu não conseguia seguir as vendas”, relembra ela, sobre a inflação galopante que atinge o país. Além do trabalho com artesanato, Nery também distribuía mercadorias para revenda, mas interrompeu as atividades também em decorrência da instabilidade do país.
Há dois anos, ela, o esposo e os três filhos deixaram a Venezuela rumo ao Peru. “Fomos forçados a sair, obviamente, pela crise”, explica. De lá, o filho mais velho e o esposo foram para o Chile, e ela ficou com as filhas no Peru. Logo, Nery voltou a produzir seus laços com os aviamentos que carrega no que chama de “maleta de sonhos”, mas se deparou com um mercado mais complexo do que o venezuelano. “O Peru é um mercado mais difícil no sentido de que as meninas não são tão acostumadas a usarem laços”, explica ela, que passou a oferecer as mercadorias nas portas de escolas, cativando uma clientela.
Em janeiro de 2021, a família decidiu se reunir novamente no Brasil, após enfrentar dificuldades para legalizar a documentação e conseguir trabalho no Chile. Em Campos dos Goytacazes, Nery começou a estudar o mercado e a produzir os seus laços novamente. Hoje em dia, ela vende por encomenda e também através do seu Instagram e envia os laços para todo o país.
Entre os produtos oferecidos por ela estão criações e desenhos exclusivos – mais difíceis de serem encontrados no Brasil – e artesanais. Ela também confecciona laços com formatos típicos da Venezuela além de laços comuns e tradicionais. “Enquanto no Brasil as clientes gostam de laços grandes e em cores suaves, na Venezuela os produtos são geralmente usados em pares e em formatos mais variados”, explica a atenta empreendedora, sobre a diferença entre os dois mercados.
Para o futuro, Nery sonha em abrir uma loja física, criar empregos e também dar cursos sobre a arte de produzir laços. Além disso, ela garante que seu futuro está no Brasil. “Amo minha terra e minha gente, mas com tristeza não penso em voltar para a Venezuela”.