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Oswaldo, natural da Venezuela, radialista em Boa Vista

Comunicação

Oswaldo

Formado em Publicidade e Mercado e também em Comunicação Social, Oswaldo sempre foi um profissional multifacetado. Na Venezuela, ele atuava como radialista e também no setor de hospitalidade, levando turistas brasileiros para conhecerem as belezas do país vizinho, como o Monte Roraima e a Ilha de Margarita. Nos últimos anos, no entanto, ele conta que as condições de vida na Venezuela se tornaram cada vez mais complicadas.

“Eu fiquei sem trabalho, e perdi muito peso. Mesmo tendo duas motos, eu precisava caminhar durante horas para chegar à cidade de Santa Helena, pois não havia gasolina. Além disso, frequentemente a polícia me parava para pedir dinheiro”, relembra Oswaldo, que decidiu atravessar a fronteira com apenas R$ 50 no bolso depois que seu programa de rádio na Venezuela começou a perder patrocinadores.

“Deixei minha casa para trás, e hoje o local é só parede e teto, porque levaram tudo”, conta Oswaldo, que acredita que a situação no país natal afetou sua saúde mental. “Em um momento eu estava tranquilo, e logo depois eu já estava chorando”. Apesar das dificuldades em deixar a Venezuela para trás, ele não pensa em voltar, por medo de ser perseguido. “Sou muito conhecido pelo radialismo, e muitas vezes ouvi dos militares que se eu fosse embora, seria tachado como covarde ou medroso”, explica.

Ao chegar em Boa Vista, Oswaldo se inscreveu em uma oficina de Marketing Digital, no Senac. Ele conta que a oportunidade foi fundamental para, além de aprender coisas novas, conhecer novas pessoas. Para não se afastar do ofício de radialista, Oswaldo começou a gravar podcasts sobre oportunidades para migrantes e também sobre aspectos da vida prática no Brasil, como por exemplo como fazer CPF e carteira de trabalho. Para divulgar o conteúdo, ele usava tanto as redes sociais quanto os aplicativos de troca de mensagens.

“Quando eu já tinha bastante material, fiz uma proposta para trabalhar na rádio”, relembra ele, que teve alguns percalços por causa da pandemia do Covid-19, que acabou afastando alguns patrocinadores. Atualmente, Oswaldo apresenta um programa semanal na Rádio Roraima, o Caraca em Portunhol, no qual faz entrevistas e dá dicas para outros migrantes que vivem em Roraima – abordando assuntos como informações sobre documentos, regulamentações, a situação das fronteiras, e etc.

Oswaldo e a esposa trabalham na produção do programa, e são responsáveis por fazer o roteiro e toda a preparação para que o Caraca em Portunhol vá ao ar, às 20h (horário local) de domingo. Além do programa de rádio, Oswaldo segue divulgando podcasts nas redes sociais, e conta com uma série de grupos no Telegram e no Whatsapp, por meio dos quais atinge mais de 2500 pessoas. Para complementar a renda, ele também faz pequenos trabalhos como pintura, diárias e também trabalha como voluntário em um abrigo de animais.

Para o futuro, Oswaldo pensa em ampliar sua área de atuação e trabalhar na televisão, aproveitando a experiência que vem ganhando em apresentar lives e vídeos nas redes sociais. “Quero seguir prestando serviço para a comunidade venezuelana”. O comunicador também aproveita o alcance das redes sociais para promover ações beneficentes de coleta de roupas e alimentos, que são doados para migrantes em situação de vulnerabilidade. “Estou me levantando, e quero ajudar outras pessoas para que se levantem junto comigo”.

(Texto incluído na plataforma em Novembro de 2021)

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