Rama, natural da República Democrática do Congo, estilista no Rio de Janeiro (RJ)
Moda
Foto: Miguel Pachioni/ ACNUR
Para fugir da guerra na República Democrática do Congo, Rama veio ao Brasil em 2014. Sem conhecer ninguém e sem falar uma palavra em português, escolheu o país pela facilidade na solicitação de reconhecimento da condição de refugiado. Como um conhecido de um amigo seu morava em São Luís, ela desembarcou no Maranhão. No mesmo ano, em busca de oportunidades, Rama se mudou para o Rio de Janeiro.
Nos primeiros meses, as conversas dependiam do Google Tradutor, mas graças às novelas e ao contato com brasileiros, ela aprendeu português e conseguiu emprego como auxiliar de cozinha. Atuou na função em pelo menos três restaurantes cariocas. Em 2017, fez cursos de pintura e de confecção de bijuterias promovidos pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (CARJ). Naquele momento retomou seu contato com o trabalho manual, já que na República Democrática do Congo tinha feito aulas de costura, inclusive no ensino superior, mas nunca teve oportunidade de atuar na área por falta de materiais e incentivos.
“Naquele ano, fiz uns brincos para vender na feira, em uma exposição. Lembro que ganhei R$ 500. Ainda nem tinha celular, mas escolhi comprar uma máquina de costura Singer, que é a que uso até hoje”, relembra a empreendedora.
Foi aí que Rama costurou seu caminho para um futuro melhor, lançando sua própria marca, a Rama Collection, de roupas masculinas, femininas, de bolsas e acessórios. No entanto, a estilista ainda enfrentaria alguns obstáculos, como o fechamento das feiras em função da pandemia. Neste período, Rama precisou se reinventar e produzir máscaras de proteção de tecido para conseguir se manter. Hoje, ela expõe os produtos inspirados em suas raízes africanas em feiras esporádicas no Rio de Janeiro e também vende as peças pelo Instagram, assim como já planeja os próximos passos. “Quero ter um lugar espaçoso para fazer as peças que são maiores. Hoje, ainda costuro as roupas no meu quarto, mas sonho em ter um ateliê. Eu amo costurar e meu trabalho é na costura”, conclui.
(Texto incluído na plataforma em Julho de 2022)